Doenças das mulheres: Aposta na prevenção

A prevenção ativa e o rastreio são determinantes para o sucesso do tratamento das doenças femininas por excelência. Leia já este artigo e saiba como prevenir-se.

Embora algumas doenças mais prevalentes nas mulheres afetem também a população masculina, o cancro do colo do útero e o cancro da mama são tidas como as doenças femininas por excelência. A prevenção ativa e o rastreio são determinantes para o sucesso do tratamento destas patologias.


As atuais medidas de prevenção e os rastreios sistemáticos permitem que as lesões do colo do útero sejam diagnosticadas cada vez mais precocemente, permitindo tratamentos menos invasivos e mais altas taxas de cura. É esta a perceção do obstetra Jorge Lima para quem “só é possível a redução da incidência e da mortalidade por cancro do colo do útero através de medidas de prevenção primária, como a vacinação profilática contra o HPV, e de prevenção secundária, com a realização de um teste de rastreio ao colo do útero”.

O rastreio – que pode usar como testes a citologia convencional, a citologia em meio líquido e o teste de HPV ou a combinação dos dois últimos – deverá ser feito a partir dos 21 anos (ou três anos após o início da vida sexual da mulher) até aos 65/70 anos. “O cancro do colo é muito raro antes dos 21 anos e nos primeiros três anos após o início da vida sexual, pelo que o rastreio não está recomendado antes de cumpridas essas condições. Já o risco de uma mulher com mais de 65/70 anos com três citologias negativas vir a ter um cancro do colo do útero é muito reduzido”, explica Jorge Lima.

Para o especialista, a combinação da citologia com o teste do HPV aumenta a sensibilidade do rastreio pelo que, uma mulher com ambos os testes negativos tem muito poucas probabilidades de vir a desenvolver uma lesão de alto grau ou mesmo cancro. Por outro lado, mulheres com citologias suspeitas devem ser orientadas para a realização de colposcopia com a realização eventual de biopsia dirigida, recomenda o obstetra.

Mesmo realizando rastreios regulares, há sintomas a que as mulheres devem estar atentas. Os principais – e que obrigam a uma ida ao médico caso persistam – são a hemorragia vaginal anormal, hemorragia menstrual mais prolongada do que o habitual, corrimento anormal por vez sanguinolento, hemorragia após a menopausa e hemorragia ou dores após as relações sexuais.

“O mais importante é diagnosticar e tratar das lesões precoces do colo que podem progredir para cancro do colo invasivo”, afirma Jorge Lima. Feito o diagnóstico, são realizados exames que permitem determinar o estadiamento do cancro. Os tratamento a adotar e a taxa de sobrevida estão diretamente relacionados com o estadio da doença, com as taxas de sobrevivência a serem tanto maiores quanto menos avançado estiver o cancro.

A importância do diagnóstico atempado

Apesar de todos os avanços ao nível do tratamento e diagnóstico, o cancro da mama continua a ser a neoplasia mais frequente no sexo feminino. “Afeta uma em cada nove mulheres e, na União Europeia, é a causa mais frequente de mortalidade entre os 35 e 55 anos”, lembra Jorge Lima.

Atualmente não existem medidas eficazes capazes de prevenir ou curar a doença mas, na verdade, mais de 90% das doentes com cancro podem ser curadas caso este seja detetado precocemente.

“De acordo com as normas da Direção Geral de Saúde, nas mulheres assintomáticas com menos de 50 anos e sem risco aumentado de cancro da mama não está recomendada a realização de mamografia de rastreio”, afirma Jorge Lima. Assim, a mamografia de rastreio deve ser realizada, a cada dois anos, pelas mulheres entre os 50 e 69 anos. Em mulheres com prótese ou elevada densidade mamária, a ecografia é usada como exame complementar.

Se ao fazer o auto-exame (ou por acaso) a mulher detetar um nódulo mamário, retracção, edema ou pele mais espessa, retração, eczema ou corrimento do mamilo, é essencial que seja submetida a um estudo de imagem. “A ecografia mamária é a primeira opção de exame nas mulheres com menos de 35 anos”, afirma Jorge Lima que deixa ainda a recomendação: todas as mulheres sintomáticas ou com suspeita de doença da mama devem ser referenciados a serviços clínicos especializados em patologia mamária classificados com os mais recentes critérios europeus de qualidade.