Como a vida não se resume apenas ao trabalho, deixe-se inspirar pelo testemunho de Gabriel Martins na sua iniciação ao surf! Este é um desporto desafiador, para alguns até um estilo de vida, que vale a pena ficar a conhecer melhor.
O surf surgiu na minha vida desde muito cedo. Quando era criança frequentava a praia Grande e passava horas a olhar o mar e admirar os poucos surfistas que haviam dentro de água. Como na altura era um desporto pouco divulgado (e pouco acessível), só mais tarde, com 20 e tal anos e durante uma viagem ao Brasil, tive a possibilidade de experimentar. Nesse momento, tudo aquilo que foi durante anos um sonho começou a materializar-se naquilo que hoje considero ser a minha atividade de eleição, e que guia muitas das minhas decisões de vida. Dessa viagem trouxe a minha primeira prancha e, chegado a Portugal, comprei o fato mais barato que encontrei e atirei-me literalmente à água, fazendo um dos erros mais comuns de quem se inicia no surf.
Foram muitas horas de esforço “desperdiçado” e de frustração, a acreditar que os outros que estavam dentro de água eram uns predestinados ou que me tinha iniciado demasiado tarde neste desporto, até que conheci (na água) aquele que é hoje um dos meus grandes amigos, e que estava a iniciar uma escola de surf na Caparica. Foi a partir dessa altura, em que tive acesso a material especifico de aprendizagem e a explicações detalhadas sobre tudo o que envolve este desporto, o material, o funcionamento das marés, o vento, a técnica associada aos movimentos e à evolução, que realmente comecei a progredir. Partilhei aulas de aprendizagem com adolescentes que hoje tentam ser profissionais e com pessoas com o dobro da minha idade, e todos terminávamos com o mesmo brilho nos olhos, a mesma boa disposição e a sensação de preenchimento que se obtém depois de estar 2 ou 3 horas dentro de água. Este é precisamente o conselho que hoje dou a todos os que me dizem que gostavam de experimentar: procurem uma escola! As escolas providenciam todo o material, ensino profissional e seguro desportivo e o surf é literalmente para todos, mesmo para aqueles que não sabem nadar!
Hoje, 5 pranchas e 4 fatos depois, acabei por criar rotinas e procuro surfar todos os fins de semana (sim, mesmo de inverno com 3 ou 4 graus!). Ano sim, ano não, lá faço umas 5 aulinhas de aperfeiçoamento para fazer um refresh e me ajudar a desbloquear ou a aprender algo mais avançado. Na busca da melhoria acabei também por ganhar hábitos alimentares mais saudáveis, que me permitem controlar o peso (gosto muito de comer) e, simultaneamente, pratico um conjunto de outros desportos que permitem manter a forma, para estar sempre nas melhores condições no dia em que for surfar. Recomendo a natação, que é muito importante e oferece muitos benefícios para qualquer pessoa e, em complemento, um desporto mais “muscular” que permita manter força e explosão (atualmente pratico CrossFit, mas existem muitas outras alternativas nos ginásios).
O surf acabou também por acentuar o gosto pelas viagens e a exploração de lugares remotos na busca de ondas quentes e perfeitas, algo que vou tentando fazer sempre que posso e que tenho o sonho de dentro de mais uns anos poder partilhar com as minhas filhas. Comecei no verão passado a dar “aulas familiares” e tem sido muito gratificante ver o mesmo brilho nos seus olhos e sentir que o sal também já lhes começa a correr nas veias.
Boas ondas!